O Vale do Capão, no lado noroeste do Parque Nacional da Chapada Diamantina, é um refúgio único é bem rústico, um lugar onde os habitantes vivem uma vida “diferente” mais livre e talvez mais sincera.

Um lugar calmo e pacífico, menos influenciado por bens materiais e o desejo de consumo. A palavra “paraíso” foi cogitada muita vezes estes dias, você não estaria muito errado em usá-la por aqui.
Conhecemos duas alemãs estudantes de arquitetura em Lençóis, que planejavam ir ao Capão também, dai oferecemos carona e fomos juntos a este lugar encantado. No caminho tivemos a chance de apreciar o Pai Inácio a distância, no meio da paisagem. No percurso até Palmeiras a estrada estava até the ok, mas depois cuidado! 25km de estrada bem rústica pela frente. Se você conseguir passar por ela você vai chegar em um vale lindo. Com florestas e cachoeiras por todos os lados, uma mistura de verde e roxo das flores, rodeado por grandes paredões de granito. Um verdadeiro paraíso!
Mesmo antes de chegarmos na cidade, nos pareceu que a atmosfera aqui e mais amigável, mais aberta, em relação a qualquer outra cidade que tínhamos visitado na viagem até agora. Eu senti como se eu estivesse de volta a West Cork (sudoeste da Irlanda), ou em alguma comunidade em uma pequena ilha, onde todos se conhecem e se ajudam. Esse é o Vale do Capão, uma ilha de calma. Amigos da família da Marina, Zelice e Julio, nos ofereceram um lugar para ficar durante a nossa visita – super apropriado para ter uma imersão no que seria morar no Capão. Zelice e Julio vivem em uma super charmosa casa na floresta, com uma pequena fazenda e um jardim enorme, com galinhas, bananeiras, hortas e todos os tipos de frutas que você possa imaginar. Dormimos em uma miniatura de casa no topo do morro, sem eletricidade ou luz elétrica, por cinco noites. Todas as noites sentamavamos em volta da fogueira. [Foto / vídeo]
Como já estamos no caminho, trabalhando nosso desapego, quando deixamos nossa casa, trabalho, amigos e viemos viver esta aventura, aprendemos ainda mais com eles como viver com menos, reaproveitar, reciclar e produzir o mínimo de lixo possível. Foi uma delicia é um aprendizado esta estadia. Muito obrigada Zelice e Julio de coração!
As atrações naturais do Vale do Capão são muitas, fomos mimados com possibilidades. O destaque foi provavelmente a nossa caminhada até o Cachoeira da Fumaça – uma cachoeira situada na borda de um penhasco de 340 metros, aparentemente desafiando a gravidade, com as suas camadas de rocha penduradas sobre o abismo. É considerada a segunda cachoeira maior do Brasil. Chegar ao topo foi uma vitória. Um mergulho nas piscinas naturais perto da boca da cachoeira nos refrescou do calor da tarde. A caminhada (Sara e Sophia da Alemanha se juntaram a nós) foi mais fácil do que esperávamos, mas não tão fácil assim – uma subida de uns 45 minutos, seguida de mais uma hora e meia no terreno quase plano. São 14 km o percurso total, ida e volta. Infelizmente, devido a um incêndio florestal recente, há muito pouca vegetação alta ao longo da rota, por isso, não tem muita sombra ao longo do caminho. Estava muito quente. (Como Fumaça está dentro do Parque Nacional, solicitam uma pequena doação, que é opcional. Demos R$ 5 / € 1,50 cada)
De volta à cidade, tínhamos ouvido falar de um “famosa” pizzaria local que serve apenas dois tipos de pizza com a massa integral – uma doce com banana, ou uma salgada com queijo. Eu esperava algo melhor. Infelizmente, recebemos uma pizza super normal de queijo, e um suco de fruta com mel, mas super super doce. (R$ 18 / € 5 cada). Por outro lado, encontramos um café super pequenininho com uma francesa super simpática, que servia Beiju (tapioca baiana) com qualquer tipo de recheio que você desejar (Por R$ 10 / € 3). Eu poderia te dar instruções de onde fica este café, mas a partir da praça, ambos são super perto, uns 50 metros a pé. É só perguntar por “a pizzaria com só dois sabores ” ou “o café com um arco-íris na frente”.
Depois de alguns dias no vale, já começamos a reconhecer muitas pessoas ao entrar e sair da vila, uma onda de sorrisos amigáveis. Desde a década de 1970, o vale tem sido tomado por hippies. Nossas ofertas de carona foram sempre bem recebidas. Quase todas as viagem terminamos com mais passageiros do que começamos!

O sul do vale se divide em duas atrações. Sudeste para entrar no Vale do Pati, uma área famosa por suas vistas espetaculares, matas intocadas. Normalmente os visitantes fazem uma trilha de 3 ou 5 dias pelo vale do Pati, mas é preciso se contratar um guia e é cobrado de R$100 a R$150 por dia (€25 up to €37.50). Optamos por algo mais leve dessa vez, seguimos para o sudoeste, ao encontro da cachoeira da Purificação. Juntando a nós foram Hard Rock Hans e Jessica, que nós tínhamos nos encontrado pela primeira vez em Lençóis. [Link do blog]. A trilha é relativamente curta, seguindo o leito do rio, pulando pedras literalmente. Ou você pode, se você achar a trilha, ir pelo lado do rio, pela floresta, só achamos está trilha na volta. A cachoeira é super bonita, você passa por três cachoeiras menores até chegar na principal. Com poucos turistas e sombra todo o caminho é um passeio super legal.

No nosso regresso da trilha, encontramos outra local – uma menina italiana e seu cão. Ela veio para o Brasil há alguns anos e agora vive em uma parte super isolada do vale do Capão. Ela nos disse que muitas vezes passa semanas ou meses sem ir a vila. Eu posso entender a necessidade de paz e tranquilidade, mas tal isolamento seria demais para mim. Parabéns para você se você pode gerenciar isso.

Vamos lembrar do Capão com muito carinho e inspiração!
Que massa! Vamos tentar passar por aí na nossa volta, de carro, de Curitiba para Jampa. Aquele abraço e boa viagem pra vocês! Divirtam-se!
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