O ponto mais alto do Brasil é o remoto Pico da Neblina, no extremo noroeste do Amazonas, junto à fronteira da Venezuela. Como o nome sugere, está sempre coberto por neblina, frio e muita umidade, apesar de estar super perto do equador. E a segunda montanha mais alta está na mesma região, igualmente remota, acessível apenas com a permissão da tribo indígena local, e uma viagem de vários dias de barco e avião. Ambos foram mapeados pela primeira vez no século 20, desconhecida por todos, só os moradores sabiam da sua existência.

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O terceiro mais alto, convenientemente à direita na nossa rota, no sudeste, na fronteira entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Entre as cidades históricas de Minas Gerais, e a costa rochosa do Rio de Janeiro. Como era um dos sonhos do Jack, estava em sua lista de lugares a ir no Brasil, então vamos lá né, depois de Ouro Preto seguimos para a nossa visita ao Pico da Bandeira. Vamos lá escalar uma montanha, queimar os quilinhos a mais que ganhamos em Minas com tanta comida boa e perigosa!

Nós cruzamos ao leste, para o terreno montanhoso do sudeste de Minas Gerais, com a música intensa de Kraftwerk zumbido nos nossos ouvidos. O Pico da Bandeira recebe o seu nome a partir do último imperador brasileiro, Dom Pedro II, que, diz a história, ordenou que colocassem uma bandeira a voar no seu cume. Um homem ambicioso como ele era.

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A montanha e os morros próximos, fazem parte do grande parque nacional do Caparaó. A área em torno dela é rural, mas não particularmente remota. A cada minuto ao longo da estrada passamos algumas casas, fazendas, ou mais frequentemente, plantações de café. Existem apenas duas entradas para o parque, pelo Alta Caparaó, no lado de Minas Gerais, ou Pedra Menina, no lado do Espírito Santo.

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Em uma área com produção de café abundante, colinas literalmente coberta de cafezais, em todas as direções, você esperaria que em qualquer esquina se encontraria um cafezinho para tomar. Não é certo? Errado. Durante a nossa visita tentamos repetitivamente provar uma xícara de café local. Mas infelizmente a maioria de restaurante e cafeterias só abrem nos finais de semana. Que vergonha, em rapazes. Não tivemos a chance de experimentar o o melhor é mais caro café daqui, grão colhidos a partir do coco de pássaros, selecionados pela espécie. Depois de comer a frutinha, o grão passa pelo interior da ave, aparentemente ileso. Sendo super seletivo, esta ave escolhe apenas os melhores grãos, por isso, mais tarde, você pode obter o melhor café já fermentado, colhendo os seus cocozinhos. Essa é a teoria, de qualquer maneira não tivemos a oportunidade de provar para ver se é bom mesmo. Eita povo doido! Café de coco de pássaro sendo vendido para o exterior a preço de ouro.

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Chegamos a Pedra Menina após o por do sol, à procura de um lugar para ficar, felizmente, como qualquer outra pequena cidade no mundo, todos estão dispostos a ajudar os turistas perdidos. No supermercado nos encaminharam para o dono do bar, cuja a esposa tem um restaurante chamado Tô na Roça, mas que já estava fechado . Daí ele ligou para a esposa re-abrir especialmente para nós. Nada muito extravagante, mas super gostosa e um tempero. Melhor ainda foi, depois de ouvir a nossa história, a Adriana nos ofereceu um quarto para ficar para as duas noites, ao lado do restaurante. Na casa da sua filha que estava no Rio. Fomos os seu primeiros hóspedes, e por menos de metade do que seríamos cobrados na pousada local! Eles ficaram super animados em ter uma pessoa Irlandesa em seu restaurante. Um gringo! É nós super felizes pela confiança e o carinho que tivemos conosco.

Na manhã seguinte, o verdadeiro trabalho começa. Acordamos às 5h para um rápido café da manhã, chegamos a entrada do parque às 07:00. No caminho, encontramos um motociclista brincando com a vida, carregando um pedaço de mangueira de ficou pressa no nosso carro, ele poderia facilmente ter sido puxado para fora da moto.

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A estrada irregular até o estacionamento nos levou de 1.400m a 2.160m , lá está o camping Casa Queimada e o começo da trilha. O nosso motor foi forte e nos carregou até lá em 1ª marcha, lutando contra a altitude, os buracos e as estradas de terra.

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A trilha bem marcada leva a melhor parte das 3 horas subindo. Up Up Up! Não é difícil, nem tão íngreme, mas o vento é super forte e a temperatura cai bastante, estava um frio só. A maneira mais famoso para fazer esta trilha é começar à noite, chegar ao cume para o nascer do sol – estávamos algumas horas atrasados para isso, mas de toda maneira a vista foi espetacular. Morros mais de 100km claramente visíveis, visão do Oceano Atlântico no Espírito Santo, céu azul em todas as direções, estávamos bem acima das nuvens, que flutuavam a abaixo de nós.

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Ao chegar ao topo nós aproveitamos uma barreira de vento, para se esconder do frio, aproveitar o sol e fazer um lanchinho. Eu acabei até cochilando, ops! Fizemos o percurso inteiro sozinhos. Só depois de alguns minutos lá encima encontramos um casal.

O cume da montanha é marcado por uma curiosa colecção de:

  • Uma cruz em ruínas, feita a partir de tubulação de metal e concreto
  • Uma estátua de Jesus, cópia do famoso Cristo no Rio
  • Uma torre de metal oca, que não tivemos coragem de subir.

Apropriadamente, por ser o Pico da Bandeira nós levantamos nossas bandeiras irlandesa e brasileira para marcar a ocasião. Mãe, obrigada pelas bandeiras, elas estão sendo super úteis!

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Olha o que os efeitos da pressão de ar podem fazer:

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O nosso regresso ao acampamento base foi tão espetacular quanto a subida. Cada vista de tirar o fôlego! Fizemos uma pausa em uma cachoeira para se refrescar, que água gelada! E depois de sair do parque, nos deparamos com esta placa incrível na estrada

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Você não precisa esperar para ser feliz, uma vez que o Paraíso é mais perto. É assim que funciona por aqui!

Ultimo dia, chegou a hora de falar tchau! A Adriana dona do restaurante nos falou para ir visitar uma fazenda local, que tinha um javali selvagem capturado, “um monstro real” nos disseram. Chegando lá, Eles ainda tinham ele, mas agora infelizmente no freezer, cortada em pedaços. Depois de ser pai de alguns leitões com uma fêmea de tamanho normal, ele se tornou muito agressivo e começou a quebrar o seu chiqueiro de modo que era hora de transformá-lo em carne de porco. Sua mandíbula, que seguramos, dá uma ideia de seu tamanho:

A fazenda faz parte do Pousada Paineira, lá se produz de tudo um pouco: Cachaça, farinha de milho, rapadura (açúcar melaço), entre outras coisas. E um café de rapadura docinho docinho. A proprietária nos deu um tour pela fazenda explicando e mostrando tudo por lá, e nos convidou a ficar lá de uma próxima vez.

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Fechando esta viagem com chave de ouro, nós damos adeus para as montanhas, adeus a Minas Gerais e Espírito Santo, e nos preparamos para uma séria de mudanças no cenário. Finalmente estávamos indo para o Rio de Janeiro! Na cidade maravilhosa! E eu vou reencontrar minha irmã linda, Julia!
Não posso esperar!

Preços

Parque Nacional ingresso: R$30 / €7.50 (R$15 desconto por Brasileiros)

 

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